quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

“Vale a pena matar em Curitiba?”

(continuação da coluna de Celso Nascimento, da Gazeta do Povo)

Cinismo à parte, conceda-se uma benevolente compreensão quanto à alegação de que, ao contrário do que ocorre no âmbito do crime organizado, casos fortuitos como os citados são de fato difíceis de evitar. Mas o problema é outro: além de não evitá-los, a polícia também não consegue identificar e prender os autores.

A ineficácia policial se comprova com números oficiais. O balanço de 2007 divulgado pela Secretaria da Segurança e publicado por esta coluna em abril de 2008 com o título “Vale a pena matar em Curitiba”, revelou o seguinte quadro:

“Em 2007, ocorreram 589 homicídios em Curitiba, dos quais apenas 40% tiveram seus autores identificados e só 30 deles foram presos. Interprete os números:

• A polícia sabe quem cometeu 235 assassinatos dos 589 registrados no estado. Mas não sabe quem são os autores da maioria, isto é, de 354.

• Dos 235 homicidas conhecidos, apenas 30 foram presos.

• Assim, 205 assassinos conhecidos continuam nas ruas, além dos 354 desconhecidos.

• A relação entre o número de assassinatos e o de prisões é de 19,6 por 1. Uma só prisão para cada grupo de quase 20 crimes.

Daí, pode-se perguntar: vale a pena matar em Curitiba? Para 95% vale, pois a polícia prende apenas 5% dos matadores!”

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