quarta-feira, 26 de novembro de 2008

CELSO NASCIMENTO DESTRINCHA A FARSA DA REFORMA TRIBUTÁRIA DE REQUIÃO

O colunista da Gazeta do Povo mostra que os ganhos dos pobres na redução do ICMS será menor que os aumentos na luz e na gasolina. Acompanhe

Um 1.º de abril no futuro da reforma tributária de Requião

Digamos que você seja um daqueles pobres da Carta de Puebla. Ganhou um dinheirinho extra e decidiu dar a geladeira nova para a patroa. Entretanto, como assiste à “escolinha” na TV Educativa, ficou sabendo que o governo quer reduzir o ICMS de 18% para 12%, o que vai fazer o preço da geladeira cair de R$ 1.000,00 para R$ 931,80. Diante disso, prefere esperar que Requião sancione a lei para economizar R$ 68,20.


Como a próxima geladeira você só vai comprar daqui a dez anos (120 meses), a economia média que você fará será de 56 centavos por mês. Certo?


Pois bem: você tem uma Brasília amarela e com ela gasta 80 litros de gasolina por mês. Como o ICMS da gasolina vai subir, os postos já calcularam que o litro ficará 10 centavos mais caro. Logo, você gastará R$ 8,00 a mais por mês para encher o tanque.


Sua conta de luz também sofrerá aumento de ICMS, de 25% para 27%. Atualmente, sem esse aumento, você paga para a Copel R$ 100,00 por mês. Com o imposto maior, R$ 102,81.
Somando os dois aumentos, dá R$ 10,81 de acréscimo no tributo que, sem escapatória, você recolherá para os cofres de Requião todos os meses. Você ainda está feliz com a economia de 56 centavos mensais da compra da geladeira?


Ainda assim, você continuará aplaudindo a “reforma tributária” do governador, pois ele prometeu que vai baixar o ICMS de 95 mil produtos comprados pelos assalariados. Logo, o preço desses produtos vai cair e aí sim você – homem de muita fé – vai compensar com sobra o aumento da luz e da gasolina.


Então, quando a lei for aprovada, você volta ao supermercado e nota que o arroz, o feijão, a farinha e todos os demais produtos da cesta básica estão com os mesmos preços. Por quê? Porque esses produtos já não pagam ICMS. Logo, nesse quesito, a reforma não fará a menor diferença no seu bolso.


E quanto aos produtos que estão fora da cesta básica, mas que também terão ICMS diminuído? Bem, aí depende do supermercado. Ele pode repassar a diferença para você, mas também pode não repassar. O governo não tem como obrigá-lo. Quem vai lucrar com isso? Você?

Isso talvez explique o grande lobby que os supermercadistas fazem para que os deputados aprovem a “reforma” – como se verá na audiência pública de hoje à tarde em Curitiba, última da série que a Assembléia promoveu para debater o projeto com a “sociedade”.

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